sábado, 24 de maio de 2014

Machado de Assis impresso a machadadas

Carlos Lúcio Gontijo
                 
Os estudantes que levam a vida na comunicação virtual, na qual existe todo um linguajar descompromissado, na base do deu para entender está bom, que se cuidem, pois podem não ter vida fácil no futuro. Se existe intelectual da área pedagógica com ideias progressistas, com a pretensão de empobrecer os elementos e fatores culturais a fim de torná-los acessíveis aos que tiveram formação educacional deficiente, em consonância com a má qualidade do ensino oferecido por nossas escolas públicas principalmente, a realidade nos impele a avisar que os jovens precisam estar atentos ao fato de que tais avanços, que levam o ensino a crescer para baixo, ao feitio de rabo de cavalo, não andam sendo vistos com bons olhos pelo mercado de trabalho.

Prova de que as empresas não se encontram dispostas a contratar funcionário incapaz de se comunicar bem em sua própria língua se nos apresenta literalmente exposta em levantamentos que assinalam que 40,6% dos estudantes que fazem teste em busca de estágio são reprovados devido a erros de ortografia.

Ou seja, o mundo empresarial não engoliu a lorota de renomados professores, que introduziram no ambiente escolar as tais “variantes linguísticas”, um eufemismo para mascarar a realidade, abrindo espaço para afirmar que, apesar de estar errada, a tentativa de acerto é que conta. Ou seja, vale o que está nas entrelinhas do desconhecimento explícito.

O enredo de toda a teoria é que existe certo aprendizado naquele que nada sabe e que, apesar de o inferno estar cheio de bem-intencionados, na moderna didática brasileira basta o aluno ter boa intenção. Não demora muito, será suficiente o simples comparecimento do estudante: ele assina a prova e deixa tudo em branco, cabendo ao professor adivinhar como o aluno responderia as questões, o que pode ser considerado apenas mais uma etapa para quem, nos últimos tempos, vem traduzindo os garranchos ortográficos dos estudantes.

Não sei por que, mas alguns intelectuais brasileiros insistem em achar que o nosso povo padece de uma idiotice congênita, coisa que vem desde a casa grande e senzala, segundo o parecer das elites de poder, engenhos e canaviais. Nessa batida nos vem a escritora Patrícia Secco, que resolveu ceifar a machadadas o romance “O Alienista”, obra de Machado de Assis, após chegar à brilhante conclusão de que os nossos jovens não entendem os termos e, além do mais, se perdem nas longas frases. Aliás, o problema apontado pela escritora é algo bastante comum aos analfabetos funcionais construídos pela excelência de nossas escolas, que reproduzem pessoas que leem, mas não entendem o que leram.

A atualização da obra de Machado de Assis, dentro dos padrões de nosso empobrecimento intelectual, recebeu todo o carimbo de oficialidade, com aprovação do Ministério da Cultura e amparo da famigerada Lei Rouanet. Vivemos momentos estranhos, onde impera uma predisposição de enaltecer o imprestável, exaltando o esdrúxulo, o que choca as famílias ou atinge valores morais e sociais imprescindíveis à convivência em comunidade. E tome violência!

Do jeito que a coisa anda, acabarão extinguindo a crase, diante da dificuldade que muitas pessoas têm em aplicá-la corretamente! Ou seja, estamos a caminho de promover a união do ensino ruim com o empobrecimento cultural. Dessa forma, não me surpreendo com a ideia do Machado de Assis impresso a machadadas, numa tentativa de simplificar sua sofisticação linguística e literária. Enfim, em nossos dias o sucesso é alicerçado na coragem de deixar a sociedade em permanente perplexidade, por intermédio do endeusamento do exótico e desprovido de qualquer valor humanitário ou, minimamente, construtivo. Nessa discussão, a grande verdade é que de alienista a alienado basta o sopro da mais leve brisa do oportunismo.

Parece que a nova ordem exige desconstrução e imediato retorno à barbárie, com cada ser humano portando um celular na mão e jogando no facebook alguma imagem do sangue jorrando pelas avenidas afora, com a tela das ferramentas da informática se transformando em parede de caverna virtual, onde cada um rabisca o seu hieróglifo do jeito e da forma que bem-entender.

*Carlos Lúcio Gontijo
Poeta, escritor e jornalista
www.carlosluciogontijo.jor.br

segunda-feira, 19 de maio de 2014

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Poetas e poemas classificados para o próximo livro Nós da Poesia: vozes da rua

CONFIRA A LISTA DE POETAS E POEMAS CLASSIFICADOS PARA O PRÓXIMO LIVRO "NÓS DA POESIA - VOZES DA RUA" QUE ESTÁ EM FASE DE EDIÇÃO. TODOS OS CONTEMPLADOS RECEBERÃO E-MAIL INFORMANDO O PROCEDIMENTO PARA PARTICIPAÇÃO NA ANTOLOGIA.

AGRADECEMOS A TODOS OS QUE ENVIARAM POEMAS. RECEBEMOS CENTENAS DE TEXTOS DE VÁRIAS PARTES DO BRASIL E DE OUTROS PAÍSES. COMO A ANTOLOGIA É DE APENAS 120 PÁGINAS E FOI COLOCADO UM TEMA, PRECISAMOS DEIXAR DE FORA ALGUNS, INFELIZMENTE, O QUE NÃO IMPOSSIBILITA A PARTICIPAÇÃO EM OUTRAS PUBLICAÇÕES DO IMERSÃO LATINA.

* Alexandre Miguel da Silva:
Poema...BANDEIRA.
* Andréa de Azevedo Milanez:
Poema... Ditadores do cotidiano.
* Antonio Montes:
Poemas... Ateus da fé - Fim - O Carnaval
* Avelin Rosana:
Poemas...Akaiê e Nahui - Bordunas da Noite - Comissão da verdade em todo lugar...
* Bernardo Rodrigues:
Poema... Ao senhor daquela rede de televisão.
* Brenda Marques:
Poemas...Canto da terra insurgente - Itinerário dos exilados
O "Nós" de cada um.
* Carla Oliveira:
Poemas... Audio Guide - O Rock errou - Deposite aqui seu título.
* Cris Estevão:
Poema... Tempos atrás
* Daniel de Culla/España:
Poema... Imi niño, que monada!

* Else Dorotea:
Poemas... O tempo e a praça - Sarau no paço
Aos poetas do século vinte e um.
* Euler Campos:
Poema... Eu falo do meu lugar.
* France Gripp:
Poema... Cinquenta vezes te desconjuro.
* Gilson Moura Castro:
Poema...O esperar, o que receber.
* Guido Campos:
Poema... Silencioso protesto
* Helenice Maria Rocha:
Poema... Ode das mães das ruas.
* João Manuel Lourenço Pereira:
Poema...Procurados, desaparecidos.
* Luana Maria Cavalcanti:
Poema... Outros tempos, não me cale.
* Lúcio Toscano Lobo Vitor:
Poema... O poder das Palavras.
* Márcio Fazenda:
Poema... sem título
* Maria Gabriela Saldanha Nunes:
Poemas... Carta de agonia - A exclusão que recruta
* Marcão Aborígine:
Poemas... O silêncio da violência - In-Cômodo
O camburão e a sala da aula.
* Márcia Kambelra ( destaque indígena )
Poemas... Palavra do povo Omágua - Minha identidade -
Resistência Kokama.
* Olga Valeska:
Poemas... Manhã - Violência - Guerra
* Paulo José ( Pajo )
Poemas... "Anos de chumbo" - Ainda hoje é possível ouvir.
* Paulo de Tárcio Andrade Nogueira:
Poema... A exclusão que recruta.
* Pedro Du Bois :
Poema... Envenenar
* Pilar Rodríguez Aranda/ México
Poema... sem título
* Raimon Alves;
Poema... Nenhum Clarão
* Rosangela Ferris:
Poemas... Quando o dia se fez noite - Noite interminável
Tortura...nunca mais!
* Zé Abreu:
Poemas... Uma rua na minha cidade - ruas

* Vicente Ferrer:
Teatro (poema em 3 atos)

LÁ VAMOS NÓS DA POESIA…