domingo, 14 de maio de 2017

Especial Dia das Mães: a poetisa da saudade Zurica Peixoto presta homenagem à sua mãe


“As palavras mais bonitas e sinceras nem sempre nos afloram aos lábios com facilidade. Elas nos escapam e ocultam-se como pedras preciosas no recôndito do nosso coração.”
- ZURICA PEIXOTO, “Fragmento”, sem data.

 A escritora e poetisa ZURICA GALVÃO PEIXOTO (16/12/1914 – 16/7/2005) nasceu na cidade histórica de Penedo, em Alagoas, e faleceu aos 90 anos de idade no Rio de Janeiro, onde residiu com a família, desde 1937, em Copacabana. Sua biografia, fotos e vídeo integram virtualmente o MUSEU DA PESSOA em São Paulo:
http://www.museudapessoa.net/pt/conteudo/pessoa/zurica-galvao-peixoto-103943

A Penedense ZURICA PEIXOTO não se casou nem transmitiu a nenhuma criatura o legado de sua imensa bondade e delicadeza. Mas nos deixou poesias, pensamentos, redações, crônicas e orações, que foram publicados postumamente graças à mídia de sua terra natal, Penedo, ALAGOAS, e ao sobrinho carioca Fernando Moura Peixoto (1946-), que recuperou boa parte de seu trabalho e fotografias.

Zurica, “a poetisa da saudade” – epíteto que lhe colocou o jornalista Antonio Castigliola (1951 – 2010), que a considerou ainda “um ser solar” – nos brinda com duas poesias dedicadas a sua mãe, LAURA GALVÃO PEIXOTO (1889 – 1973), uma sergipana de Brejo Grande, a quem sempre devotou grande amor, admiração e carinho.
 (Laura Galvão Peixoto) (Rio 1928, Arquivo FMP)

EM MEMÓRIA DE MINHA MÃE
(Rio de Janeiro, 8 de maio de 1977, aos 62 anos)

Neste Dia das Mães, de ternura e emoção,
Uma lágrima pela face sinto a rolar…
Uma saudade pungente, uma saudade infinda
A invadir, a envolver e torturar meu coração…

Saudade de ti, Mãezinha querida,
Das palavras doces que costumava dizer…
Saudade de tudo aquilo que por mim vivias a fazer…
Do teu carinho, da tua mão amiga a me abençoar…

Uma lágrima novamente pela face sinto a rolar,
Uma saudade imensa neste dia de tanta recordação…
A tua voz cheia de suavidade…
A tua meiguice, a tua bondade…

Ai, quem dera hoje, ao teu encontro pudesse correr
Para te afagar e te beijar…
E num longo abraço, juntinho a ti, em teu regaço
Minhas tristes mágoas fosse esquecer…

Mas, não importa que estejas ausente,
Nem a distância tão grande da Eternidade,
Porque tu és a mãe querida,
E estará sempre presente
Por toda a minha vida…
Uma lágrima… Uma saudade…
(Laura e Zurica, 1925)  (Penedo-AL, Arquivo FMP)

SAUDADES DE MINHA MÃE
(Rio de Janeiro, sem data)

Eu a vejo, lá distante, a me acenar,
Braços abertos, como a me esperar…
E quem dera, pudesse eu ir
Logo ao seu encontro,
Pois é grande a saudade que sinto
Sem a sua presença para me consolar.

Vida afora tenho seguido,
Triste, amargurada,
Sem planos, sem destino pela estrada,
Não tendo ninguém para me amparar.

Neste dia de hoje, ‘Dia das Mães’,
Como eu quisera tê-la junto a mim,
Para receber a sua ternura, o seu carinho.

Doces lembranças da infância,
Aconchegada ao seu regaço,
Sentindo todo o calor,
A força imensa da sua bondade.

E a sinceridade dos seus afagos,
Que me faziam esquecer qualquer maldade,
Ficando segura, protegida,
E acreditando ainda na felicidade.

-(Zurica Galvão Peixoto) (Rio, s/d, Arquivo FMP)

Uma viagem pelo mundo fantástico de Zurica Peixoto pode ser empreendida assistindo-se ao vídeo do mesmo nome no link:
https://www.youtube.com/watch?v=kJsGxQiqsiE

“Mãe não morre nunca, mãe ficará para sempre junto de seu filho...”
- CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE (1902 – 1987), “Para Sempre”, in ‘Lição de Coisas: poesia’, José Olympio, 1965.
(CDA, grafite em Copacabana) (Foto Fernando M.Peixoto)
Compilação fotográfica, texto e vídeo:
Fernando Moura Peixoto (ABI 0952-C)



LÁ VAMOS NÓS DA POESIA…