domingo, 17 de julho de 2016

Um Antônio Modesto



por Fernando Moura Peixoto*

“Não existe acaso.” [“Il n’y a pas de hasard.”]
- VOLTAIRE (1694 – 1778), ‘Zadig’.

Este foi o Antônio Modesto, revisor e tradutor, como se apresentou, modestamente, com certo acento mineiro, e a quem ofertei duas fotografias de minha autoria – uma da imagem do Cristo Redentor no alto do Corcovado e outra da enseada da Praia de Botafogo, vista do terraço do Botafogo Praia Shopping –, ambas assinadas.

O casual encontro deu-se na lanchonete do supermercado Pão de Açúcar, da Rua Voluntários da Pátria, no anoitecer de 5 de julho, uma terça-feira, quando me disse que ia visitar as filhas. Encetamos longa e interessante conversa, enquanto ele saboreava uma cerveja long neck’, à temperatura ambiente – ou seja, ao natural –, e eu tomava café.

Percebeu detalhes em minhas fotografias que eu mesmo jamais notara. E ainda dissertou sobre a chegada de Charles Darwin (1809 – 1882) ao Rio de Janeiro, quando o naturalista britânico encantou-se ante a visão da paisagem da Baía de Guanabara, em abril de 1832, a bordo do H.M.S. Beagle. Que aprendizado ouvir aquele senhor que conhecera há poucos minutos.

Era modesto mesmo, se tivesse dito quem realmente era, ficaria sabendo que já tinha votado nele, em 15 de novembro de 1978, quando foi o deputado federal de esquerda mais sufragado no Rio de Janeiro – 73.680 votos –, candidato recomendado por Chico Buarque de Hollanda (1944).
  
Sem óculos, e de cabelos grisalhos, não deu para reconhecê-lo. Mas existe uma esperança de reencontrá-lo: o Dr. Antônio Modesto da Silveira (1927), jurista renomado, um campeão na luta pelos direitos humanos – o advogado que mais defendeu perseguidos políticos no Brasil à época da ditadura militar –, pediu o número de meu telefone.

Disse-lhe que só ligasse depois do meio-dia: durmo muito tarde. Reconheço que dormi no ponto’ em não bater uma foto na ocasião, mas acabei escrevendo uma crônica mais ou menos histórica sobre um assunto nada modesto.

Elogios ao Doutor Modesto

“Prezado Fernando. Tudo a seu tempo e hora, vale o registro. Modesto abraço.” ABILIO FERNANDES, escritor e humorista, 6.7.16, Rio de Janeiro, RJ

“Que bacana! E ele já tem 89 anos! E é mineiro :) Vou torcer para que ele lhe telefone...” JUSSARA NEVES REZENDE, escritora e literata, 7.7.16, Machado, MG.

“Prezado Fernando. É o Modesto da Silveira sim. Foi deputado muito atuante. Combateu a ditadura. Foi candidato então recomendado pelo Chico Buarque. Abraços.” AFONSO ABELHEIRA, advogado, 7.7.16, Rio de Janeiro, RJ.

“Grato, estimado jornalista Fernando Moura Peixoto, pela sua crônica sobre Antônio Modesto da Silveira.
Há muitas pessoas importantes que passam despercebidas, visto que possuem também a virtude da humildade e da modéstia, aliás,

como se encontra também no nome desse homenageado.
Parabéns pela sua tendência de valorizar a memória de pessoas e instituições. Abraços.” HELIO BEGLIOMINI, médico, literato e acadêmico, 12.7.16, Tremembé, SP.


“Fernando, o senhor Antônio não é uma pessoa ‘comum’. Tem nome público. Penso que vai ser possível encontrá-lo. É uma questão de tempo. Aguarde!” MARIA JOSÉ DOS SANTOS PEIXOTO, assistente social, 12.7.16, Rio de Janeiro, RJ.

“Concordo com Voltaire. Atesto que não existe acaso. Teu casual encontro com Modesto já estava escrito nas estrelas. Antônio Modesto, político honrado e honesto. Homem que participou de vários manifestos e que teve relevante voz de protesto durante o período da ditadura militar.
Importante teres transformado em crônica o informal bate-papo. Insisto em dizer que desta forma e de alguma forma reverenciaste o Modesto. Belo gesto!
De resto, só me resta te parabenizar pelo excelente texto. Um grande abraço.” LÚCIA SENNA, escritora e cantora, 12.7.16, Rio de Janeiro, RJ.

“Caro Fernando, excelente crônica. Fica claro que o talento sempre habita pessoas modestas. Parabéns por trazer a público essa história gentil e poética.”  MARIA INÊS GALVÃO, jornalista e escritora, 13.7.16, Rio de Janeiro, RJ

“Fernando. Encontros como esse valem a vida! Eu também fui eleitora do aguerrido Modesto da Silveira.
Que bom saber que ele está vivo e bem de saúde. Abraços.” PATRÍCIA SANTORO, médica, 13.7.16, Rio de Janeiro, RJ.

“Modéstia à parte, a comemoração dos 90 anos de vida do modesto Antônio, em 23 de janeiro de 2017, não pode nem deve ser modesta!” J. PRAIANO, humorista, 13.7.16, Rio de Janeiro, RJ.
  
Foto: Internet

Saiba mais sobre o Dr. Modesto da Silveira assistindo sua entrevista em vídeo produzido pela Rio TV Câmara em 27/12/2012.


*Fernando Peixoto é um dos co-autores de Nós da Poesia. Participou com texto e foto em homenagem a Carlos Drummond de Andrade, do último livro, volume 5 da antologia - Nós da Poesia con Nosotros



2 comentários:

  1. Gostei muito de conhecer o Dr. Modesto da Silveira através de seu artigo, Fernando. E agora fiquei surpresa ao encontrar aqui meu comentário anterior... :)
    Parabéns pela matéria e por esta publicação :)

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LÁ VAMOS NÓS DA POESIA…